Álvares de Azevedo
25 DE abril DE 2012

Completa-se hoje 181 anos do nascimento de Manuel Antônio Álvares de Azevedo, ou simplesmente Álvares de Azevedo, como é mais conhecido. Patrono da Cadeira n. 2 da Academia Brasileira de Letras, é autor do clássico Noite na Taverna, que reúne contos fantásticos.
Álvares de Azevedo faleceu aos 20 anos. O escritor não testemunhou o sucesso de sua obra, que só foi publicada no ano seguinte de sua morte.
— Pois bem! quereis um historia? Eu pudera conta-las, como vos, loucuras de noites deorgia; mas para que? Fora escárnio Faust ir lembrar a Mefistóteles as horas de perdição que lidoucom ele. Sabei-las... essas minhas nuvens do passado, leste-lo à farta o livro desbotado de minhaexistência libertina. Se o não lembrásseis, a primeira mulher das ruas pudera conta-lo. Nessatorrente negra que se chama a vida, e que corre para o passado enquanto nos caminhamos para ofuturo, também desfolhei muitas crenças, e lancei despidas as minhas roupas mais perfumadas,para trajar a túnica da Saturnal! O passado é o que foi, é a flor que murchou, o sol que se apagou,o cadáver que apodreceu. Lágrimas a ele? fora loucura! Que durma com suas lembranças negras!revivam: acordem apenas os miosótis abertos naquele pântano! Sobreágüe naquele não-ser oeflúvio de alguma lembrança pura!
NOITE NA TAVERNA
Eu moro em Catumbi. Mas a desgraça
Que rege minha vida malfadada,
Pôs lá no fim da rua do Catete
A minha Dulcinéia namorada.
Alugo (três mil-réis) por uma tarde
Um cavalo de trote (que esparrela!)
Só para erguer meus olhos suspirando
À minha namorada na janela...
Todo o meu ordenado vai-se em flores
E em lindas folhas de papel bordado,
Onde eu escrevo trêmulo, amoroso,
Algum verso bonito... mas furtado.
Morro pela menina, junto dela
Nem ouso suspirar de acanhamento...
Se ela quisesse eu acabava a história
Como toda a Comédia em casamento...
Ontem tinha chovido... Que desgraça!
Eu ia a trote inglês ardendo em chama,
Mas lá vai senão quando uma carroça
Minhas roupas tafuis encheu de lama...
Eu não desanimei. Se Dom Quixote
No Rocinante erguendo a larga espada
Nunca voltou de medo, eu, mais valente,
Fui mesmo sujo ver a namorada...
Mas eis que no passar pelo sobrado,
Onde habita nas lojas minha bela,
Por ver-me tão lodoso ela irritada
Bateu-me sobre as ventas a janela...
O cavalo ignorante de namoros
Entre dentes tomou a bofetada,
Arrepia-se, pula, e dá-me um tombo
Com pernas para o ar, sobre a calçada...
Dei ao diabo os namoros. Escovado
Meu chapéu que sofrera no pagode,
Dei de pernas corrido e cabisbaixo
E berrando de raiva como um bode.
Circunstância agravante. A calça inglesa
Rasgou-se no cair de meio a meio,
O sangue pelas ventas me corria
Em paga do amoroso devaneio!..
NAMORO A CAVALO
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que sol! que céu azul! que doce n'alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!
SE EU MORRESSE AMANHÃ
Obras de Álvares de Azevedo na BSP
Lira dos vinte anos*
Lira dos vinte anos constitui o mais famoso livro de poesia de Álvares de Azevedo, este que é um dos nomes mais expressivos da segunda fase do Romantismo brasileiro, também conhecida Geração do Mal-do-século. Esta edição apresenta o texto integral desta obra, em que Álvares de Azevedo eleva o lirismo e o sentimentalismo às suas últimas conseqüências.
Noite na taverna*
Álvares de Azevedo escreveu Noite na Taverna durante os anos em que passou estudando na Faculdade de Direito de São Paulo. É uma obra estruturada em sete partes. Narrada em terceira pessoa, introduz o cenário, as personagens, a situação, dando lugar a outros narradores - cinco personagens que, em primeira pessoa, contam aventuras de suas vidas.
Poesias completas
Este livro reúne toda a poesia do escritor romântico, inclusive materiais até agora inéditos. Foi preparada a partir do confronto com as primeiras edições por um especialista no romantismo brasileiro, o poeta e tradutor Péricles Eugênio da silva Ramos.
*Também na opção livro em braille.
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